O ensejo de formação daquele que almeja fazer função-analista, pode passar por diferentes percursos e diversos dispositivos. No caso da formação em uma Escola de Psicanálise – concebida no campo lacaniano como “fazer Escola” – a aposta se dá no dispositivo do Cartel, tal como Lacan o promoveu desde a fundação da Escola Freudiana em 1964.
A proposta de trabalho com alguns outros subverte a lógica de grupo, que furada pelo “mais-um”, pode fazer circular a palavra e a confecção de saber. Dessa forma se estabelece também uma duração – dois anos – para que depois seja possível uma produção de cada participante, consequência do tempo de trabalho. Uma produção singular. A estrutura se organiza já contando com a sua dissolução, a fim de descolar e encaminhar a questão – outras questões – à comunidade analítica e seus outros.
Para fazer cartel alguém propõe um tema de trabalho, que lhe causa uma, ou mais questões. Outros, afetados singularmente por tal questão – a partir de sua ignorância – fazem a escolha decidida de iniciar um trabalho. Trabalho inventivo, a fim de [re]escrever a questão colocada, para além da constituição de respostas.
Faz-se necessário a declaração do cartel em um Fórum já instituído, como testemunha de que aquele trabalho acontece. O direcionamento da declaração é feito à CLEAG, o dispositivo de Escola da EPFCL – Brasil, responsável por algumas funções, entre elas: “zelar pelo dispositivo do cartel no Brasil”.
Esses grupos se formam a partir de três até cinco pessoas, sendo a “justa medida” [LACAN, 1964], quatro pessoas – incluindo o proponente. Além desses, haverá outro, escolhido como “mais-um”, responsável por evitar o efeito de “cola” do grupo, e pela comunicação de declaração e dissolução do cartel.
A posição-função que ocupa o mais-um no grupo, é a de presentificação da falta [de saber] – a lembrança de que “há sempre mais um, um significante a mais que marca e presentifica a falta do significante […].” [FINGERMANN, 2016, pg. 157]. Entende-se também que a dissolução do cartel pode ocorrer antes do prazo de dois anos, caso um dos integrantes se ausente da formação do grupo de trabalho, sendo, também nesse caso, necessária a comunicação da dissolução. O que não impede que um novo grupo de trabalho se forme, e [re]coloque as questões.
O FCL da Região Metropolitana de Campinas, tem a intenção de fazer circular na comunidade de trabalho – com quem faz transferência – um mural onde possam se inscrever questões e no qual os interessados possam manifestar a vontade de iniciar um trabalho. A ideia é que essas pessoas se encontrem e para isso os proponentes das questões irão receber o contato das pessoas interessadas, através do email cadastrado. Ficam responsáveis por contatar esses outros e constituir o grupo de trabalho, que irá em conjunto escolher o mais-um.
Como um Fórum em formação, o FCL-RMC não poderá receber a declaração dos cartéis formados – funcionando nesse momento como um espaço de encontro das questões de trabalho e dos interessados.
Espera-se que cada um do cartel – singularmente – possa confeccionar uma produção. Essa produção pode ser apresentada para a comunidade nas eventuais oportunidades, como as Jornadas de cartel, por exemplo.
Abaixo deixamos algumas indicações de referências que incluem textos que tratam do tema do dispositivo cartel, o “órgão de base da Escola”. Além do endereço do site da EPFCL onde é possível encontrar alguns textos fundacionais e informações sobre a organização do campo Lacaniano.
Nas demais abas seguem os formulários disponíveis para proposição das questões de trabalho e para inscrição em algum tema proposto. O FCL-RMC se responsabiliza por fazer as pessoas e as questões se [des]encontrarem, através do compartilhamento dos interesses, sendo que os passos para início e manutenção do trabalho – incluindo a declaração do cartel em um Fórum constituído – são de responsabilidade dos interessados.
Bom trabalho!