Formação e Ato
“existe um real em jogo na própria formação do psicanalista”
Jacques LACAN
Proposição de 9 outubro de 1967
De qual ato procede e advém a formação do psicanalista?
O que se pode esperar da Psicanálise?
Em meados de 2021, um grupo de pessoas das mais diversas afinidades se reuniu para conversar e refletir sobre as questões cruciais da Psicanálise, em nossa época, à luz de um território geopolítico: a Região Metropolitana de Campinas. Há psicanalistas em nossas cidades e múltiplas e importantes associações onde se sustenta a formação do psicanalista. Nós, em nossas conversas e afinidades, nos sentimos tocados por “algo do analista” que é sustentado pela Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano.
Sabemos que não há garantia profissional, autoridades em teorias e seus conhecimentos e ainda associação de pares e grupos capazes de formar um analista.
Por outro lado, são as escolas de psicanálise que levam a sério o ato analítico. A escola a qual nos filiamos, em passos de formação, é o Fórum, a ágora, a praça pública, com suas redes e tecidos de corpos, línguas e continentes. Apostamos coletivamente naquilo que diz a carta da Internacional dos Fóruns em 2020 “contribuir para a presença e a manutenção dos desafios do discurso analítico nas conjunturas do século[1]”.
Formação e ato é assim o nosso passo inicial, o nosso laço com a “ética da psicanálise, que é a práxis de sua teoria[2]”
[1] https://www.champlacanien.net/public/docu/4/ifCharte2020.pdf
[2] Lacan, Jacques. Ato de fundação. In: Outros Escritos, 2001, p. 238.
ATIVIDADES DE FORMAÇÃO
Atividades abertas a membros e participantes
ABERTURA
Formação e Ato (presencial)
Psicanalista convidada: Dominique Fingermann, AME da EPFCL.
Data: 03 de março 2023
Horário: 17:00
Local: Auditório do LABEURB – UNICAMP
Atividade aberta ao público.
SEMINÁRIO
A Heresia Lacaniana: o campo dos gozos (presencial)
Para a Psicanálise o gozo é artigo feminino (la jouissance). Freud já apontava para o além do princípio do prazer, satisfação estranha e paradoxal. Falta de um lado, excesso de outro: a conta nunca fecha!
Para Lacan a noção de gozo extrapola o regime dos bens e o fascínio do belo. O gozo não serve para nada; é incomensurável, não pode ser consumido, distribuído ou apreendido totalmente. Assim, ele é antitotalitário e não todo. Algo escapa, jorra, escorre, vaza, esvai… A castração da linguagem marca seus limites, escreve seus furos e diferencia seus modos. Modos de gozo localizados no nó borromeo.
Os discursos tentam o impossível: educar, governar, desejar e… analisar. No mundo contemporâneo, para “o que não tem governo, que não tem remédio, nem nunca terá”, uns preferem prevenir (Religião), outros insistem em remediar (Neurociências). Há, ainda, quem lucre com a oferta de uma suposta pluralidade libertária no mercado dos prazeres. A literatura e a arte, por sua vez, oferecem, cada uma a seu modo, tratamentos possíveis… Mas é a psicanálise que pode convocar cada um e cada “uma a uma” a responder como se vira com seu modo de gozo singular que chamamos sintoma.
Responsável: Ana Laura Prates, membro do FCL-RMC (em formação), AME da EPFCL.
Horário: segunda-feira, das 20:00 às 22:00. Mensal.
Datas: 20/3; 17/4; 22/5; 19/6; 21/8; 18/9; 23/10 e 27/11.
Local: SMCC – Sociedade de medicina e cirurgia de Campinas. Rua Dr. Delfino Cintra, 63 – Centro, Campinas – SP.
Atividade aberta ao público.
REDES DE PESQUISA
As redes de pesquisa visam a construir um percurso de trabalho junto ao público participante em torno de uma questão. Nelas são mobilizados saberes que concernem diretamente à psicanálise, em sua teoria e prática, mas também a outros campos, em suas interfaces com a psicanálise. Cada rede apresenta seus temas próprios e tem seu modo singular de funcionamento.
Luto e Melancolia (on-line)
A rede de pesquisa objetiva investigar como o luto, a melancolia e as depressões atravessam a teoria e a clínica psicanalíticas, sobretudo a partir das obras de Freud e Lacan.
Coordenação: Lauro Baldini.
Horário: quinta-feira – 10:00 às 11:30. Quinzenal.
Datas: 02, 16 e 30/03; 13 e 27/04; 11 e 25/05; 08 e 22/06.
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Linguagem e Psicanálise (on-line)
No campo inaugurado por Freud e recuperado por Lacan, a linguagem parece algo a ser apreendido por suas bordas. Por isso, a partir de uma afetação inicial pelos dizeres da psicanálise e da linguística de base saussuriana, propomos seguir através do sujeito e da língua, do sujeito afetado por suas línguas. Levar em conta uma estrangeiridade na língua, seja ela materna ou estrangeira, parece ser uma das formas possíveis de preservar a posição ética do analista de não se colocar numa busca ferrenha pelo sentido e também como uma das várias formas possíveis de tencionar o simbólico, sem visar preencher sua falta constitutiva. Além disso, propomos um convite a uma afetação pelo nosso próprio entorno linguístico brasileiro, que carrega a diferença também na riqueza de seus linguajares. De que outra forma podemos ser afetados pela língua de Freud e Lacan e, não menos importante, deixar com que nossa(s) língua(s) afete(m) também nossa leitura e escuta da psicanálise?
Coordenação: Elisa Mara do Nascimento e Leonardo Coutinho Rodrigues
Horário: segunda-feira – 20:00.
Datas: 13 e 27/03, 10 e 24/04, 08 e 15/05, 05 e 03/07.
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Práxis psicanalítica em coletivo (on-line)
O contexto moderno onde se fundou a Psicanálise pressupõe um modelo de subjetividade, que a prática clínica desconstrói a cada escuta. Dos primórdios da psicanálise no Brasil, até os dias atuais, verificou-se a necessidade da abertura à invenção de práticas clínicas, que dão espaço às expressões de subjetividades – em meio aos diferentes cenários sociopolíticos e suas violências. Desse modo, assistimos ao surgimento de diferentes iniciativas coletivas, que tornam possível a escuta da particularidade pulsional, num contexto de tratativa e enfrentamento, dos desafios comuns de uma democracia precária. Coletivos que se espalham pelo país, questionando os imperativos e institucionalizações da psicanálise, bem como construindo possibilidades de formação de analista, através dos efeitos de suas práticas clínicas.
Portanto partimos de um não-saber – radical à psicanálise – com a intenção de algo a saber – sobre as experiências coletivas da atualidade, bem como seus possíveis limites, incongruências e dificuldades.
A prática dessa rede de pesquisa é aberta a todos os interessados em contribuir com a investigação, mediante acolhimento e breve entrevista. A atividade pretende-se um espaço para discussão e também algumas leituras previamente combinadas. A ideia é que seja uma troca dinâmica, onde se constituam algumas elaborações das práticas coletivas em psicanálise.
Coordenação: Ana Claudia Fattori, Brunno Toledo e Patrícia Lopes Martin
Horário: segunda-feira – 14:00 às 16:00. Mensal.
Datas: 27/03; 24/04; 29/05; 26/06.
Vagas: 10 participantes.
Atividade aberta ao público.
MÓDULOS DE LEITURA
Em um módulo de leitura, propõe-se uma leitura “ao pé da letra” de alguns textos fundamentais da psicanálise escolhidos previamente.
Freud e a Linguagem (on-line)
Assim é que, na Ciência dos Sonhos, trata-se apenas, em todas as páginas, daquilo a que chamamos a letra do discurso, em sua textura, seus empregos e sua imanência na matéria em causa. Pois esse texto abre com sua obra a via régia para o inconsciente. E disso somos alertados por Freud, cuja confidência surpresa, ao lançar esse livro para nós nos primeiros dias deste século, só faz confirmar o que ele proclamou até o fim: que nesse arriscar-tudo de sua mensagem está a totalidade de sua descoberta.
A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud.
Lacan. Escritos, p.513
Lacan, em seu retorno a Freud, destaca o papel da linguagem na experiência psicanalítica, demarcando um inconsciente estruturado como linguagem. Nesse sentido, este módulo de leitura pretende construir um percurso pelos textos freudianos no que diz respeito a um saber-fazer com a linguagem. Dito de outro modo, não se trata de buscar em Freud uma teorização acerca do funcionamento da linguagem, mas de destacar que essa questão já está colocada desde o início de suas investigações sobre o inconsciente.
Para o primeiro semestre de 2023, este módulo propõe realizar a leitura conjunta do capítulo VI – O Trabalho do Sonho, do livro A Interpretação dos Sonhos (1900). Textos complementares serão sugeridos no decorrer do semestre.
Coordenação: Bruno Turra, Júlio Cattai, Valéria Motta
Horário: sexta-feira – 10:00 às 12:00. Quinzenal.
Datas: 17 e 31/03; 14 e 28/04; 12 e 26/05; 9 e 23/06.
Vagas: 20 participantes.
COLÉGIO CLÍNICO (on-line)
Por um Projeto de Colégio Clínico
Mesmo o amor, como sublinhei da última vez, se dirige ao semblante. E, se é verdadeiro que o Outro só se atinge agarrando-se, como disse da última vez, ao a, causa do desejo, é também do mesmo modo à aparência de ser que ele se dirige. Esse ser-aí não é um nada. Ele é suposto a esse objeto que é o a.
Jacques Lacan, Mais Ainda
Este projeto de Colégio Clínico tem por objetivo se constituir em um espaço de formação aberto para a formulação de perguntas e construção de laços de trabalho, bem como para a apresentação dos impasses, fazendo do campo lacaniano um espaço para se interrogar a posição do analista e os desafios de nossa época. Este projeto tem por orientação a Escola dos Fóruns do Campo Lacaniano e se interessa pela formação local atravessada e constituída pelos intercâmbios de cada espaço nacional e internacional de formação. Os temas deste ano são a atualidade dos diagnósticos, as diversidades sexuais, o final de análise, os sofrimentos de nossa época, as crianças e os adolescentes. Como um fórum em formação, desejamos orientar a nossa prática através da operatividade clínica.
Coordenação: Marcos Barbai, Lauro Baldini, Leonardo Coutinho Rodrigues.
Datas: 12/04; 31/05; 26/06; 16/08; 20/09; 18/10, às 20h.
Neste ano de 2023, o tema de trabalho será as experiências de uma análise e, para isso, convidamos companheiros, companheiras e companheires de escola:
Colégios Clínicos e a Escola
Gabriel Lombardi, AME – Buenos Aires
12/04
A entrada em análise
Sandra Berta, AME – São Paulo
31/05
Análise e as clínicas de rua
Marta Ferreira, Coletivo Estação Psicanálise – Campinas
26/06
Da supervisão
Ida Freitas, AME – Salvador
16/08
O Final de análise
Sônia Alberti, AME – Rio de Janeiro
20/09
O Cartel e o Passe
Beatriz Oliveira, AME – São Paulo
18/10
JORNADA CLÍNICA: CAUSA E DESEJO (presencial)
Em agosto, teremos nossa Jornada Clínica, cuja programação integral ainda está em elaboração. Teremos conferências de companheiros, companheiras e companheires de práxis.
Data: 11 e 12 de agosto de 2023
Local: Auditório do LABEURB – UNICAMP.
Psicanalista convidada: Julieta de Battista, AME – Argentina
ATIVIDADES RESTRITAS A MEMBROS
Encontro de Membros (quinzenal/on-line)
Atividade de membros do FCL-RMC (em formação) voltada à discussão dos problemas cruciais da psicanálise, questões políticas da psicanálise e do fórum. Discussão de temas de trabalho, textos do cronograma e os modos de funcionamento do espaço.
Datas: Quinta-feira – 10:30 às 12:00. 23/02; 09 e 23/03; 06 e 20/04; 04 e 18/05; 01, 15 e 29/06.
INSCRIÇÕES PARA AS ATIVIDADES DO FÓRUM DO CAMPO LACANIANO DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS (EM FORMAÇÃO)
Para realizar a inscrição nas atividades:
- Preenchimento do formulário de inscrição aqui (período de inscrições encerrado, se precisar entre em contato pelo e-mail abaixo);
- Entrevista com a Comissão de Acolhimento;
- Assinatura de contrato e pagamento da semestralidade
- O FCL-RMC (em formação) está aberto para avaliar concessões de bolsas, que serão analisadas caso a caso durante a entrevista de acolhimento.
- O FCL-RMC (em formação) está estudando políticas de acesso e ações afirmativas.
Prazo de inscrição: de 10/02 a 10/03.
Investimento: o valor semestral de engajamento no FCL-RMC (em formação) é de R$450,00 que poderá ser pago em até 5 parcelas de R$90,00.
A mensalidade será utilizada exclusivamente na sustentação da iniciativa do Fórum do Campo Lacaniano da Região Metropolitana de Campinas (em formação).
Contato para dúvidas: acolhimento.fclrmc@gmail.com