“Vão. Reúnam-se, colem-se vários, durante o tempo necessário para fazer algo

e depois se dissolvam para fazer outra coisa”

LACAN, Jacques. O Seminário, livro 27: dissolução [1980]. Inédito.

Com o intuito de possibilitar uma provocação de saber em torno da Psicanálise, o dispositivo do Cartel é criado por Jacques Lacan (1901-1981) e apresentado em “Ato de fundação”, texto publicado em 1964. Enquanto um modelo inédito desenhado para a comunidade psicanalítica, o Cartel aflora como órgão de base na transmissão da Psicanálise e na sua proposta de formação.

Enquanto dispositivo, o Cartel faz obstáculo a um ideal de Psicanálise pré-formatada, burocratizada e atrelada ao discurso do mestre. A proposta é que a transferência de trabalho seja seu motor a se formar por um pequeno grupo sem líder.

Sua constituição se dá em grupos de trabalho de três a cinco pessoas que escolhem um tema de estudo em comum e dentre os participantes, nomeados cartelizantes, elege-se o Mais-um. Esse coletivo encontra sustentação nas questões definidas por cada cartelizante e circula em torno do tema comum. A partir dessa lógica coletiva, o tempo de compreensão sobre a temática também se sustenta em um tempo solitário de reflexão a respeito das questões que o Cartel pode provocar.

A duração do Cartel é de, no máximo, dois anos e espera-se que cada cartelizante produza algo sobre este período de trabalho. A isso chamamos de produto, o qual poderá ser apresentado em jornadas de cartéis regionais, nacionais e/ou internacionais no Espaço Escola.

Do tempo de compreensão ao tempo de dissolução, o intuito do produto é que se possa demover o pequeno grupo e endereçar o fruto da pesquisa à comunidade analítica. Pela via do Cartel, a entrada na formação psicanalítica faz trabalhar aquilo que motiva, um a um, a escolha pela Psicanálise. Participar de um Cartel fundamenta-se na escolha do desejo do um e não se espera outro desenvolvimento a não ser o de uma exposição dos efeitos deste entrelaçamento para cada cartelizante, bem como das crises de trabalho resultantes desse laço.

Para criar e integrar-se a um Cartel é preciso somente o não saber. São bem-vindes todes que tenham ou não uma trajetória na Psicanálise, contanto que se inscrevam a partir do não saber pelo desejo de saber. A consagração desta forma de trabalho arriscada e provocadora se faz em função da causa analítica e constitui um instrumento que favorece o tripé da formação em Psicanálise: análise pessoal, supervisão e formação permanente. No âmago de uma Escola se dá o Cartel, elemento base que antecipa o dispositivo do Passe proposto em 1967 e constrói o sentido de formação em uma Escola Lacaniana.

Nossos cartéis estão ainda em formação e serão declarados posteriormente.

A morte, o tempo, a infânciaTeoria do Sujeito de Alain BadiouO ato psicanalítico
Kelly Cristina Garcia de Macêdo Alcantara
Lauro José Siqueira Baldini
Maria Raquel de Aguiar
Maria Teresa Lemos
Valéria Regina Ayres Motta
Cícero Costa Villela
Larissa Baima
Leonardo Coutinho Rodrigues
Thyago Marão Villela
Karine de Medeiros Ribeiro
Julia Mendes Pinheiro
Leonardo Coutinho Rodrigues
Maria Raquel de Aguiar
Thales de Medeiros Ribeiro